segunda-feira, 19 de março de 2012

Uma experiência de Video Dança

Por Raquel Medeiros


A video dança é um gênero especifico de arte. Aprendi isto nos últimos anos. Depois da experiência de realizar o vídeo “Rizoma” de autoria do Coletivo Ferpa, surgiu o desejo de aprofundar cada vez mais sobre este tema. “Rizoma” é uma video dança realizado com o bailarino Tuca Pinheiro, no qual ele participa como bailarino e coreógrafo. Tuca é um artista que propõe sempre questões importantes e que pensa a dança de uma maneira instigante. A parceria foi incrível e esse vídeo levou-me ao Festival de Video Dança de Buenos Aires (Argentina). Nesta cidade, participei de um workshop com dois artistas do Reino Unido, a inglesa, Liz Aggis e o escocês, Billie Cowie. Foi uma experiência muito importante para a compreensão do gênero. Com eles, aprendi as distintas maneiras de pensar cada elemento do video, a câmera, o som , a coreografia. Marcante foi compreender com Liz Aggis a importância da simplicidade na elaboração do projeto. Fator importante em toda arte.



Hoje, muitos artistas no mundo dedicam-se à video dança. Destaco o trabalho da uruguaia, Tamara Cubas e do francês, Phillipe Decouflé. Este gênero interessa-me, primeiramente, por dois motivos. Primeiro, vejo a dança como uma arte de grande importância para o mundo atual. Hoje valoriza-se as inteligências lógico-matemáticas e lingüísticas. Somos, portanto, intelectuais. As inteligências corporais não estão no mesmo patamar de valorização. Acha-se bonito um bailarino e as jogadas de um jogador de futebol, mas não pensamos que ali está um tipo de inteligência importante a ser desenvolvida por todos. Ficamos horas e horas sentados em cadeiras fazendo os nossos trabalhos diários a frente de um computador. Como no momento em que escrevi este texto. Neste momento poderia perguntar-me: Escrevo sobre o corpo, mas o que eu realmente percebo do meu corpo? A resposta ao certo não sei, mas acredito que para alcançá-la é necessário “mover-se”. E apesar desse desconhecimento, somos bombardeados diariamente com imagens corporais idealizadas: jovens e bonitas. Assim, a mídia nos mostra o perfil de um “corpo de sucesso”. Então, como efeito , em muitos dos casos, milhares de pessoas buscam adequar-se a esse modelo. Começa uma busca por um corpo irreal. A dança nos faz refletir sobre a nossa humanidade e questiona essa forma de compreendemos e vermos o corpo.


Em segundo lugar, sempre gostei do vídeo, do audiovisual. Pela minha formação como atriz, inicialmente, eu me encantei com a atuação para o cinema e vídeo. Gostei da relação do ator com a câmera. Mas hoje um outro lugar interessa-me mais como artista, a direção. Gosto desse lugar onde se cria um recorte do olhar. Para mim o diretor vai compondo com fragmentos uma narrativa. A mágica do diretor é direciona o olhar. Ele pode assim ajudar a revelar questões importantes, trazer questionamentos à tona e na video dança mostrar também a beleza do corpo humano, muito além de estereótipos.

Segue um trabalho da video artista e bailarina Tamara Cubas, intitulado, "Yo soy otro":

http://www.youtube.com/watch?v=MFd4gCs16ws

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